HISTÓRIA: LUIZ LORENA É EXONERADO DO CARGO
Luiz Lorena relata, em seu livro “Serra Talhada: 250 anos de história, 150 anos de emancipação política” (ano 2001, p. 145-146) que ele, acompanhado pelo deputado Methódio Godoy, compareceu à residência do então deputado Agamenon Magalhães, à rua da Amizade em Recife. Nas palavras de Lorena:
Informei ao mesmo que achava prudente exonerar-me do cargo de Prefeito de Serra Talhada em face da frieza com que fui recebido pelo Interventor, General Demerval Peixoto.
Ele indagou: — ‘Você é neto de quem em Serra Talhada?’
— ‘De Isidoro Conrado’, respondi.
— ‘Nasceu de boa cepa. Aguenta pressão’.
— ‘Não se afaste do cargo, espere a exoneração. Quando o Diário Oficial publicá-la, compre uma Folha da Manhã, nosso jornal, e leia meu artigo da primeira página’.
Cinco dias depois, no sábado, foi publicado o Ato do meu afastamento. No dia seguinte (domingo), como prometera, um artigo informou ao Brasil sobre a hostilidade recebida e como um grito de montanha arrematou “ele voltará”. E eu voltei.
Como nossa conversa foi demorada, ele desabafou informando-me de que em sua primeira campanha para deputado estadual, percorrera a cavalo desde Afogados da Ingazeira até Salgueiro. No pernoite da fazenda Carnaúba, do Coronel Manoel Pereira, logo na hora do jantar, declarou ao Coronel que estava angustiado e apavorado com a movimentação de pessoas armadas no sertão.
Subindo ou descendo, havia sempre alguém que, se não é, mas parece, cangaceiro. E apelou para que os chefes de família numerosa como a do coronel, depusessem as armas.
Respondeu-lhe o Coronel que possuía armas para a defesa do seu patrimônio. Sendo categórico quando disse: a culpa do que está acontecendo é dos senhores, responsáveis pela administração. Nós precisamos de escolas e estradas de rodagem. Com essa providência, creio que o flagelo do banditismo será resolvido.
Acrescentou o Dr. Agamenon: — ‘quase não dormi pensando naquela verdade incontestável’.
Dia seguinte, hora de despedir-se, Dr. Agamenon falou: — ‘Coronel, Deus vai me dar chance para lhe responder’.
‘Fui governo e construí a estrada e as escolas, além de hospitais, maternidades e campos de aviação, recolhi as forças volantes ao Derby e os cangaceiros fugiram’.
Numa viagem imprevista ao município de Águas Belas, Lampião disse a um amigo que o nosso governador estava fazendo certo.
— ‘Pernambuco não oferece mais campo para minhas ações. É provável que eu não volte mais por aqui’.
Lampião viajou para o Estado de Sergipe, acantoou-se à margem do rio São Francisco como réu condenado que esperava a execução. Essa não tardou. A polícia alagoana apanhando-o de surpresa, decapitou-o.
Vale lembrar que cerca de um mês depois de ser exonerado do cargo, Luiz Lorena é renomeado como Prefeito de Serra Talhada.
Confira aqui nossa matéria sobre Luiz Conrado de Lorena e Sá
Publicação enviada por Helvécio Neves Feitosa