VISITA AO CORONEL ANTÔNIO PEREIRA NA FAZENDA PITOMBEIRA

Ulysses Lins de Albuquerque

Ulysses Lins de Albuquerque

Ulysses Lins de Albuquerque, em seu livro “Um Sertanejo e o Sertão“, conta que, em 1916, teve que voltar a Triunfo, de onde seguiu para Serra Talhada, Flores e Belmonte, na condição de coletor federal, quando arrecadava impostos de patentes de registro. Estava na companhia do cargueiro Manuel Salina. Naquela ocasião, relata a visita ao Coronel Antônio Pereira (11/10/1865 — 16/04/1946) à Fazenda Pitombeira.

Informa o autor que Vila Bela estava agitada em virtude da questão surgida entre as famílias Pereira e Carvalho, rivais há quase um século. E, de 1905 até aquela data, alguns choques entre membros das duas famílias reacenderam o facho das discórdias.

Nas palavras do autor:


aspas

Viajando de Vila Bela para Belmonte, tive de almoçar na fazenda Pitombeiras, do coronel Antônio Pereira, filho do barão de Pajeú — coronel Andrelino Pereira da Silva. [Em frente da casa havia um baobá plantado pelo barão, bem assim um outro em Serra Talhada].

Fui muito bem tratado e admirei a agudeza de espírito da esposa do coronel Pereira — senhora inteligente e enérgica. O coronel mostrou-me o seu paiol de armas — mais de uma centena de bacamartes de espoleta, senão mais, guardados no sótão, com as respectivas cartucheiras. [Naquele tempo, havia poucos rifles no sertão e as armas antigas eram muito usadas]. Aqueles velhos arcabuzes — alguns de boca-de-sino — tinham a sua história: participaram muitos deles dos combates travados pelo coronel Manuel Pereira da Silva [pai do barão do Pajeú] e seu irmão Simplício, contra os liberais chefiados por Francisco Barbosa Nogueira Paes, na vila de Flores e na Serra Negra, numa luta que durou dez anos ou mais.

Simplício Pereira, apontado pelo jornalista João Brígido, do Ceará, como autor de mais de 50 mortes, ficou indignado ao ler o artigo, e, quando a mulher — que o interpela pelo motivo da zanga — lhe diz que ‘contando com os caboclos, uns índios por ele trucidados, ‘talvez passasse de 50 mortes’. Então ele retruca: ‘Ora, que besteira! Eu falo é em gente batizada!”

De Pitombeiras segui para Belmonte, e entre aquela fazenda e a da Carnaúba — esta de propriedade do coronel Manuel Pereira Lins, primo de Antônio Pereira – encontrei diversos homens armados, mas aquilo não me surpreendeu, pois sabia que viviam em estado de alerta.

Pernoitei no povoado de Bom Nome, onde era intenso o comércio de borracha de maniçoba, cultivada em larga escala no município de Belmonte, onde existia em abundância aquela seringueira, em estado nativo. Uma riqueza que alguns anos depois entraria em colapso, com a queda vertical do preço do produto.


Publicação enviada por Helvécio Neves Feitosa

Sou neto Deja Pereira e de Maria Pereira Nunes; esta do Exu Velho em Pernambuco e aquele de Brejo do Santo no Ceará. Sou bisneto de Joaquim Baião e descendente do Barão do Pajeú. Nasci e moro em Serra Talhada.

   

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